Ema. Ana Mafalda Damião, escritora brasileña. Cuento en portugués sobre un mundo más justo y las ganas de superarse.
Todos os dias, na hora do entardecer, quando o Sol se preparava para dormir, Patrícia chegava.
Olhava as plantas e os animais e sentava-se no tronco do velho carvalho. Do seu saco, retirava um caderno e um conjunto de lápis e começava a escrever.
Ema, a cotovia dourada, ficava fascinada.
Descaradamente, colocava-se em cima do galho mais próximo e olhava, maravilhada, aquelas cores e traços que preenchiam o branco do caderno.
Que será que estava ali escrito?!
Tal vez histórias de além-mar, de lugares onde havia Escolas para cotovias, comida para todos e até um Doutor para curar as asas cansadas.
Embalada por estes pensamentos de mundos bonitos, Ema deixava-se estar.
Patrícia escrevia, escrevia...
- Uma caneta laranja! Que coisa linda. - pensou Ema. Não resistiu... ZUPA - agarrou a caneta e voou, depressa, para casa.
- Que trazes no bico? - perguntou a mãe Isa. - Não me parece que isso sirva de alimento. Sempre sonhadora, Ema!
- Vai buscar a água, que os teus irmãos estão a chegar da escola - pediu a mãe.
Ema, com cuidado, guardou o seu lápis numa caixinha e pensou:
- "Queria tanto ter nascido macho! Assim podia ir à escola, aprendia muitas coisas e podia lutar por um mundo mais justo."
Pegou no balde com o seu, ainda pequeno, bico e dispôs-se a voar os quilómetros que a separavam do único poço que tinha água.
- Que será da nossa família quando também este poço secar? Para onde iremos? - murmurou ela.
O corvo Narcís observava-a e naquele momento tomou uma decisão - abrir uma escolinha onde as cotovias pudessem aprender a ler e a escrever, depois de realizadas as tarefas domésticas.
Ele sabia que um dia todos teriam que partir mas, até lá, podia ajudar a sua comunidade e, quem sabe, talvez chovesse e todos os campos pudessem voltar a ser cultivados.
Fin